domingo, 10 de março de 2013

Mulheres Progredindo, será ?

     Não posso dizer que as mulheres continuam progredindo, melhor fazer essa pergunta e responder a si mesma.
     Muita coisa mudou para as mulheres; alguns benefícios e reconhecimento, fez com que a mulher pudesse exercer a mesma função do homem. Posso até afirmar que em muitas áreas sobressai mais que o homem.
     Mas o respeito ficou lá no passado.(minha opinião).
     E a culpa é da própria mulher.
     Nos dias atuais em que a internet deu voz a muitos sem entendimento algum e a TV mostrando imbecilidades, pornografias e mulheres seminuas em quase todos os programas,descaradamente dizendo: Bobas, para quê tanto esforço, sacrifícios, estudos, educação, caráter ?
    Nós aqui sem muito esforço, só cuidamos do corpo e ganhamos muito dinheiro e reconhecimento da mídia.
     Na minha opinião dar parabéns as mulheres pelo seu dia esta cada vez mais seletivo.
Rejane Costa.

    Por volta de 1946, quando minha mãe, Mary Silver, já estava casada com Walter Johnson por quase sete   anos, ela era mãe de quatro crianças ativas e barulhentas.
     Sei pouca coisa a respeito da vida dos meus pais nessa época, mas, tendo eu mesma criado duas crianças em alguns lugares remotos do pais, posso imaginar como foi, especialmente para minha mãe.
     Com quatro crianças pequenas, um marido cujo senso de obrigação não ia além de trazer dinheiro para casa e cortar o gramado, sem vizinhos e praticamente nenhuma oportunidade de fazer amigos próprios, ela literalmente não tinha onde dar vazão às grandes pressões que deviam se acumular dentro dela. Por algum motivo, meu pai decidiu que ela estava "se perdendo". É um mistério para mim imaginar como ela poderia ter conseguido tempo e alguém para encontrar, quanto mais para "se perder", já que nós quatro estávamos constantemente no meio do caminho. Mas meu pai já decidira, e ponto final.
     Numa manhã de um dia de primavera em 1946, minha mãe saiu de casa para comprar leite para o bebê.
     Quando voltou, meu pai estava na janela do andar de cima com um revólver. Ele disse:
     - Mary, se você tentar entrar nesta casa, vou atirar nos seus filhos.
     Foi assim que ele lhe disse que estava entrando com um pedido de divórcio.
     Foi a última vez que minha mãe viu aquela casa. Foi forçada a ir embora apenas com a roupa do corpo e o dinheiro que tinha na bolsa e uma garrafa de leite. Hoje em dia, ela provavelmente teria opções: Um abrigo local, um 0800 para o qual pudesse telefonar, um grupo de amigas que teria feito através de um emprego de meio expediente ou de tempo integral. Teria um talão de cheques e cartões na bolsa quem sabe ?
     E poderia voltar sem constrangimento para sua família. Porém, em 1946, ela não tinha nada disso. As pessoas casadas simplesmente não se divorciam.
     Portanto, lá estava ela completamente sozinha. Meu pai conseguiu até fazer o pai dela voltar-se contra ela. Meu avô proibiu minha avó de falar com a filha quando ela mais precisava.
     Em algum momento antes de entrar com o processo no tribunal, meu pai a contactou e disse:
     - Olhe Mary, eu não quero realmente o divórcio, só fiz isso para lhe dar uma lição.
     Mas minha mãe podia ver que, por pior que fosse sua situação, era preferível a voltar para meu pai e deixar que ele nos criasse.
     Então respondeu:
     - Nem pensar. Cheguei até aqui, não vou voltar atrás.
     Para onde ela poderia ir ? Não podia ir para casa. Não podia permanecer ali em Amherst: em primeiro lugar, porque sabia que ninguém a hospedaria; em segundo, porque, com o retorno dos recrutas, não haveria esperança de trabalho para ela; e, finalmente e mais importante, porque meu pai estava lá.
     Então embarcou em um ônibus para o único lugar que reservava uma chance para ela a cidade de Nova York.
     Minha mãe tinha uma vantagem: era letrada e tinha um diploma de Matemática, da Universidade Mt. Holyoke. Porém, fizera o caminho habitual da mulheres nos anos 30 e 40: fora diretamente do ensino médio para a faculdade e daí para o casamento. Ela não fazia idéia de como arrumar um emprego e sustentar a si mesma.
     A cidade de Nova York tinha vários pontos a seu favor, ficava a apenas 320 quilômetros; portanto, podia pagar a passagem de ônibus.
     E era uma cidade grande; portanto, tinha que haver um emprego escondido em algum lugar. Ela positivamente tinha que encontrar uma maneira de sustentar a nós quatro.
     Assim que chegou a Nova York, localizou uma Associação Cristã de Moços, onde podia ficar por apenas um dólar e meio por noite. Havia uma loja perto onde, por cerca de um dólar por dia, comia um sanduíche de salada de ovo e tomava café. Em seguida, começou a correr as ruas.
     Durante vários dias, que se tornaram várias semanas, não encontrou nada, não havia empregos para diplomados em Matemática, homens ou mulheres, nenhum trabalho para mulheres. Todas as noites ela voltava para a Associação, lavava a roupa de baixo e a blusa branca, colocava-se para secar e de manhã usava o ferro e a tábua de passar da Associação para tirar as marcas da blusa.
     Esses itens, junto com uma saia de flanela cinza, constituíam todo o seu guarda-roupa.
     Cuidar deles ocupava uma parte das longas noites que enfrentava sozinha na Associação. Sem livros, nem uma moedinha a mais para comprar jornal, sem telefone (e ninguém para quem ligar, se tivesse um) e sem rádio, a não ser no andar de baixo (onde a lista dos convidados da Associação era de certa forma assustadora), as noites devem ter sido realmente horríveis.
     Previsivelmente, seu dinheiro minguou, assim como a lista de agências de emprego. Finalmente, em uma quinta-feira, chegou á última agência de empregos da cidade com menos no bolso do que precisava para pagar o abrigo naquela noite. Ela fez muito esforço para não pensar em passar a noite nas ruas.
     Subiu penosamente vários lances de escada para chegar à agência, preencheu os formulários obrigatórios e, quando chegou sua vez de ser entrevistada, preparou-se para as más notícias. "Sentimos muito, mas não temos nada para a senhora. Quase não temos empregos suficientes para os homens que temos que colocar."
     "Pois é claro que os homens tinham prioridade em relação a qualquer emprego disponível."
     Minha mãe não sentiu nada quando se levantou da cadeira e se dirigiu para a porta. Entorpecida como estava, havia quase atravessado a porta quando percebeu que a mulher resmungara alguma outra coisa.
     - Desculpe, não ouvi. O que a senhora disse ? - Perguntou.
     - Bem, sempre há George B. Buck, mas ninguém quer esse emprego. Ninguém fica muito tempo, repetiu a mulher, apontando com a cabeça para uma caixa de fichas em cima de um arquivo próximo.
     - O que é ? Conte-me a respeito, disse minha mãe ansiosamente, sentando-se com as costas apoiadas no encosto da cadeira de madeira, faço qualquer coisa. Quando começo?
     - Bem, é um emprego de contador, para o qual a senhora está qualificada, mas o salário não é bom e tenho certeza de que não gostaria, disse a agente, retirando a ficha relevante do fichário.
     - Vamos ver: diz aqui que a senhora pode começar quando quiser. Suponho que isso significa que poderá ir lá agora. Ainda é cedo.
     Minha mãe contou que literalmente arrancou o cartão das mãos da agente e correu escada abaixo. Nem mesmo parou para tomar fôlego enquanto corria os vários quarteirões até o endereço escrito no cartão.
     Quando se apresentou para o surpreso gerente de pessoal, ele decidiu que, sem dúvida, ela podia começar a trabalhar naquela manhã mesmo se quisesse, pois havia muito trabalho a ser feito. E era quinta-feira, dia de pagamento. Naquele tempo, a maioria das empresas pagava seus empregados em dinheiro vivo pelo tempo trabalhado, incluindo o próprio dia de pagamento, portanto, miraculosamente, quando eram cinco horas, ela recebeu dinheiro vivo pelas cinco horas que trabalhara naquele dia.
     Não era muito, mas deu para que ela chegasse até a quinta-feira seguinte, depois à outra e assim por diante.
     Mary Silver Johnson permaneceu em George B. Buck & Companhia por 38 anos, subindo para um cargo de grande respeito dentro da firma. Lembro-me de que tinha um escritório de esquina, o que não é pouca coisa no centro de Manhattan. Depois de trabalhar lá por 10 anos, ela foi capaz de nos comprar uma casa no subúrbio de Nova Jersey, a meia quadra de distância do ônibus para a cidade.
     Hoje em dia, uma em cada duas casas parece ser comandada por uma mãe solteira e é fácil esquecer que já houve um tempo em que esse tipo de vida era impensável. Sinto-me tão humilde ao refletir sobre as realizações de minha mãe quanto orgulhosa o suficiente para estourar os botões da camisa !
     Se cheguei até aqui, foi porque fui carregada em grande parte pelos esforços de muitas, muitas outras mulheres antes de mim, com essa mulher admirável, minha mãe liderando o caminho.

                                                                     Pat Bonney Shepherd
                                                                     Livro Histórias para aquecer o coração


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